Oi. Eu sou o Igor. Já fui o Fried, já fui o Hilário e até o Papelão, mas hoje eu sou o Igor. E estou feliz em ser o Igor.
Bom, eu já fui muitas coisas. Já fui babaca, já fui burro, já fui nerd, já fui um otário, um péssimo amigo e um escroto, e já fui bissexual. Sim, eu fui bi. Não sou mais. "Lá vem mais um cretino querendo falar de cura gay". Não, não foi isso, deixa eu explicar.
Por mais de um ano eu fui bissexual. Era convencido de que eu era assim. Assumi pra minha mãe no dia do aniversário dela, sentado numa cadeira suja de um McDonald's. Durante esse ano, peguei algumas mulheres e alguns caras. Mais homens do que mulheres. Até falei pra Giu que era bi.
Até que cheguei um momento em que eu não conseguia fazer nada.
Devido a vários fatores, eu travei na vida. Comecei a faltar muito no meu estágio de professor, engordei, e quase entrei em depressão. Uma aluna do 9º ano deu em cima de mim e eu realmente pensei em dar uma chance. Sim, foi uma bosta. Eu, um cara de 20 anos, no papel de professor, pegando uma aluna de 14 anos? É, foi o ponto que eu quase cheguei.
Eu era inseguro, preguiçoso e fraco. Eu não ia atrás de relacionamentos e casos que eu queria, eu só aceitava quem me aceitasse de volta, e eu tive muita sorte de ninguém ter se aproveitado da minha situação.
Por ser inseguro, preguiçoso e fraco, eu não escolhia no que estava interessado, eu só respondia ao interesse, viesse de um homem, de uma mulher ou de uma menina de 14 anos.
Por causa disso, eu era muito volátil. Escutei música de todos os gêneros, cortei meu cabelo de vários jeitos, tentava me encaixar em todos grupos de amigos e tentava começar qualquer hobby que me parecesse minimamente importante. O Igor de janeiro foi diferente do Igor de junho e diferente do Igor de agosto. E isso me levou ao inÃcio de uma depressão.
E eu acabei tendo hábitos destrutivos. Sempre que eu saÃa com amigos, eu bebia muito. Parei depois que fui beber com uns amigos no Ibira e eu desmaiei. Meu pai foi me buscar, quase chorando e boas almas me ajudaram a achar ele no estacionamento. Em casa ele me deu um banho e na manhã seguinte veio conversar comigo. Foi o dia que eu mais chorei na vida.
Depois disso, eu tive alguns problemas: gastei uma quantidade absurda de dinheiro, engordei mais ainda e perdi várias amizades. Eu estava me sentindo o pior der humano da terra.
Mas, eu consegui ajuda. Uma psicológa me ajudou. Na verdade, me ajudou a achar eu mesmo e me ajudar. Eu mudei de volta a quem eu realmente sou. Se o Igor do passado, (ou o Fried, ou o Hilário ou qualquer seja o nome que você me chame) fez alguma babaquice com você, ou te machucou, eu peço infinitas desculpas.
Antes disso eu tentei uma outra saÃda: eu criei um blog. Nesse blog, eu escrevia sob um pseudônimo, o Proto. Um amigo meu era o Deutero e outro era o Trito. O Deutero escreveu sobre a sua paixão e como essa paixão se tornou um namoro, como se escrevesse em um diário. O Trito escrevia poemas. Ele acabou criando seu próprio blog e publicou um livro de poesias. E eu, não escrevia muito. Escrevi uma história fictÃcia que me veio enquanto eu lavava a louça, escrevi um poema falando sobre tudo que odeio, um texto sobre o mês de agosto, e alguns textos apaixonados sobre uma garota da minha faculdade e os breves momentos de não-amor que tivemos.
Antes ainda, eu escrevia aqui. Escrevi sobre música, livros e filmes. E o cara que escreveu aqueles posts não é o mesmo que escreve hoje. Eu era machista, racista, chato e carente. Eu insistia em tentar ter alguma coisa com pessoas que realmente não queriam nada comigo. Não é uma surpresa que não sobraram muitos amigos daquela época.
Na verdade, nunca tive um grupo de amigos constante. Os da escola mudaram quase ano a ano, e os dos dois anos de cursinho sumiram depois de entrar na faculdade. Como resultado, não tive amigos muito próximos, tirando um outro, mas que já que nã conversamos tanto.
Eu estava com vontade de escrever e precisava falar essas coisas. Pedir ajuda pode te ajudar a achar uma resposta aos seus problemas. E não tente negar o que você já foi no passado, só vai fazer você se odiar mais. De que adianta ficar lembrando de merdas passadas, se a única coisa que você pode fazer e não repeti-las?
No final, eu vejo que apesar de ter passado por tudo isso, tudo isso formou quem sou eu hoje. E eu tenho muita certeza de quem eu sou.